Você gostaria de ter o poder de desvendar como os seus melhores presets são criados, sem ter que ficar lendo toneladas de livros em inglês e sem ter que investir uma fortuna em cursos de síntese sonora?

 

Eu tenho certeza que sim…

 

E, se este é o seu caso, eu tenho uma ótima notícia: Este “poder” está mais próximo do que você imagina.

Na verdade, eu não chamo isso de poder e sim de “hack”, pois este foi um jeito que eu encontrei de hackear a mente dos sound-designers que produzem os melhores presets que eu uso.

 

Calma, não se preocupe!

 

Não vou te ensinar nada errado e nem qualquer tipo de trapaça, mas sim um método de estudo comprovado e altamente eficiente, que eu demorei muitos anos para descobrir e que hoje tem me dado a liberdade de criar os meus próprios timbres do ZERO, além de manipular os melhores presets que eu encontro nos bancos de qualquer VST.

E melhor do que isso, essa técnica me permitiu desenvolver o estudo da CIÊNCIA DOS TIMBRES, ou seja, qual é a lógica por trás da criação de cada categoria de presets, como por exemplo, os pads, leads, arps, fx, chords etc.

 

É exatamente isso que você vai aprender nesse artigo!

 

Se você está cansado de buscar informações sobre síntese sonora, sobre como criar os seus próprios timbres do zero e só encontra fórmulas prontas e receitas de bolo para timbres que não são exatamente o que você busca, essa é a sua grande chance de sair desse ciclo.

Mas antes eu quero te alertar para uma coisa: vai dar trabalho!

Então, se você está disposto a pagar o preço com seriedade, leia este artigo até o final. A partir de agora, você vai começar a pensar como um sound-designer!

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Let’s go…

 

Eu não sei em qual momento você se encontra hoje, se está no início dos estudos na produção ou se já é mais avançado e está na fase de terminar as suas músicas, mas uma coisa eu tenho quase certeza: a síntese sonora é um grande gargalo na sua rotina de produtor.

 

Já aconteceu de você ficar horas e horas procurando um mísero timbrezinho e não encontrar?

Ou ainda, você encontra um, mas você pensa que vai ter um melhor logo à frente, e você continua rodando a pasta, e não encontra mais nenhum bom… e não encontra mais nem aquele primeiro. =S

Isso é realmente frustrante! Além do tempo que você perde, você quebra totalmente o fluxo criativo – o chamado “flow”. Muitas vezes, você vai perder a sessão de produção porque vai gastar tanta energia procurando UM bendito timbre que não vai mais ter ânimo pra continuar.

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O que acontece nesse momento? Você desencana da sessão e vai fazer outra coisa.

Depois, você retorna e a saga continua. É como encontrar uma agulha no palheiro!

 

Agora, eu quero te fazer uma pergunta:

 

Você já parou pra pensar que está tratando a sua música como uma loteria?

 

Funciona assim:

Você abre o VST e confia na sorte. Se der a sorte de encontrar um preset bacana, você continua. Se não, nada feito! Você não sai do lugar…

Ok, eu concordo que os presets estão aí para serem utilizados e eu os utilizo com muita frequência. Eu não fico criando tudo do zero o tempo todo. Isso é pura utopia!

Mas uma coisa é certa:

 

Você precisa aprender o mínimo sobre síntese sonora! Até quando você vai ficar apostando na ESPERANÇA de encontrar bons timbres?

 

Se você leva a produção a sério, você não pode viver de esperança! Você precisa descobrir a FÓRMULA DOS TIMBRES!

E aqui nós temos um problema com a maioria dos cursos e livros (pelo menos os que eu comprei) sobre o assunto:

Estes livros e cursos te ensinam sobre o funcionamento dos VSTs e sintetizadores, noções de áudio e acústica, como um som é gerado, manipulado, filtrado etc… e tudo isso é EXTREMAMENTE relevante.

 

Entretanto…

 

Eles não te ensinam a ciência (ou a lógica) dos timbres!

Eu não sei você, mas tudo que eu queria ouvir num curso sobre síntese sonora era:  “Para criar um pad, você faz isso, isso e isso…”, “Para criar um pluck, você trabalha o envelope de tal maneira.”, “Sabe aquele baixo gordo? Basta você fazer isso, isso e aquilo…“.

Mas, para a minha frustração, nunca encontrei nada desse tipo, a não ser tutoriais na internet que ensinam fórmulas prontas, do tipo “Como criar um lead do Deadmau5”.

Eu, definitivamente, não quero um lead do Deadmau5, EU QUERO O MEU!

Eu quero saber qual a lógica por trás de um lead, quais são as características que definem um lead, o que eu preciso fazer para criar um timbre que seja categorizado como um lead!

Esse é um conhecimento que POUCOS, mas muito poucos produtores detém!

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Na maioria das vezes, esse conhecimento está na mão dos sound-designers que estão ganhando dinheiro vendendo presets.

Mas, fique tranquilo! Com a técnica que eu vou te ensinar, você vai aprender a utilizar os SEUS presets como uma verdadeira universidade, um laboratório! Basta seguir o passo a passo.

O objetivo deste artigo não é te ensinar sobre síntese sonora (para isso, eu recomendo o treinamento CESD) e nem sobre algum VST em específico.

O meu objetivo aqui é fazer com que você utilize os seus presets preferidos, no seu VST preferido, como um laboratório.chemist-309922_1280

 

O primeiro passo é escolher o seu VST.

Eu sugiro que você escolha um simples e que você tenha maior afinidade, principalmente se você for iniciante.

Eu vou usar o Tal-NoiseMaker como um exemplo porque ele é FREE, bom e funciona para Mac e Windows.

 

Maravilha. Escolheu o seu VST?  Agora, vamos escolher um preset.

No caso, eu escolhi o preset 95 “DR Perc Bongo Room TAL”

Captura de Tela 2016-05-20 às 09.07.06

 

A partir de agora, nós vamos desconstruir o preset, anotar as suas configurações e aprender algumas lições importantes!

Pegue papel e caneta!

Você vai anotar todas as configurações do preset que você escolheu. Sim, vai ter que anotar!

Siga o exemplo abaixo:

 

PRESET: DR Perc Bongo Room TAL

CATEGORIA: DRUMS

OSC1: 
TIPO DE ONDA:
TUNE: 
FINE:
PHASE:
PW: 
OSC2
TIPO DE ONDA:
TUNE: 
FINE:
PHASE:
FM: 
FILTRO
CUTOFF:
RESSONANCE:
KEY:
CONT:
ENVELOPE DE AMP. ADSR
A:
D:
S:
R:
ENVELOPE DO FILTRO
A:
D:
S:
R:
LFO1 
DEST (Quem ele controla): 
RATE:
AMOUNT:
PHASE:
ONDA:
LFO2 
DEST (Quem ele controla): 
RATE:
AMOUNT:
PHASE:
ONDA:
ENVELOPE EDITOR
DEST: 
SPEED:
AMOUNT:
OBS:
MASTER
OSC1:
OSC2:
SUB:
VOICES:

Preencheu tudo?

Agora, nós vamos desconstruir o preset e identificar padrões. Vamos entender o que geralmente se utiliza para criar um bongô! Depois disso, você pode usar o conhecimento para criar os seus próprios bongôs. Você vai ter a fórmula!

 

Desconstruindo o preset

Aqui nós vamos fazer uma engenharia reversa. Vamos desconstruir o preset de trás para frente.

O som original é assim:

Agora, vamos começar desabilitando os efeitos.

Na seção “Control”, podemos perceber que existe um reverb bastante pronunciado. Na verdade, ele é o único efeito.

Captura de Tela 2016-05-20 às 09.32.29

Observe que o WET está em 50% (aproximadamente). Vamos zerar este efeito!

Agora, o som está assim:

DICA: Abra e feche várias vezes o reverb e observe o efeito que ele causa no som.

PONTO-CHAVE: O reverb é essencial para trazer ambiência ao elemento.

 

Vamos em frente…

 

Na seção MASTER, vamos observar quantos osciladores estão atuando.

Captura de Tela 2016-05-20 às 09.36.07

Podemos observar que o Oscilador 1 está completamente fechado. Portanto, todo o som está vindo do Oscilador 02.

O Sub-Oscilador também está fechado. E em relação às vozes, observamos que o som está em mono, o que é bem característico para elementos percussivos.

Não há alterações no TUNE e tampouco no RINGMOD. Deixaremos tudo do jeito que está!

Se os 2 osciladores estivessem abertos, você poderia fechar um deles e observar como fica o som e vice-versa.

DICA: Abra e feche o outro oscilador, assim como o sub-osc.

PONTO-CHAVE: Você vai compreender o papel de cada oscilador na geração do som final.

 

Muito bem. Já que o Oscilador 2 é o único que está trabalhando, vamos lá dar uma olhada nele.

Captura de Tela 2016-05-20 às 09.40.17

A primeira coisa que você vai observar é o tipo de onda. No caso uma onda Sine.

O TUNE está no máximo. Isso quer dizer que o Pitch da nota está em 24, ou seja, 3 oitavas acima.

Os outros parâmetros estão inalterados.

DICA: Altere o TUNE e perceba a diferença que ocorre.

 

Chegou um momento importantíssimo. O envelope de amplitude ADSR.

Captura de Tela 2016-05-20 às 09.43.49

Attack: 0

Decay: 30%

Sustain: 0

Release: 0

DICA: Altere estes parâmetros e observe as diferenças que ocorrem no som. Observe o que acontece quando você abre o attack e o release, por exemplo.

PONTO-CHAVE: Você vai entender que o Attack e release fechados são essenciais para um som

 

Ok, vamos ao filtro.

Captura de Tela 2016-05-20 às 09.53.08

Cutoff: 47%

Reso: 0

Key: 0

Cont: 37

DICA: Altere estes parâmetros e observe as diferenças que ocorrem no som, principalmente o Cutoff.

PONTO-CHAVE: Por se tratar de uma onda Sine, que possui poucos harmônicos, o Cutoff não exerce uma alteração tão drástica.

O parâmetro Cont significa a porcentagem de atuação do envelope do filtro. Abaixo do filtro temos um envelope. E o quanto ele vai atuar no filtro é determinado pelo Cont.

Continuando… vamos ao envelope do Filtro.

Attack: 0

Decay: 51

Sustain: 0

Release: 43

PONTO-CHAVE: Se você alterar os parâmetros do envelope do filtro, não vai notar tanta alteração no som. Isso porque a onda Sine é pobre em harmônicos e, com isso, a atuação do envelope do filtro acaba sendo pouco percebida.

 

Muito bem, vamos aos LFOs.

Captura de Tela 2016-05-20 às 09.42.38

Hmm.. os LFOs estão desligados! =)

 

Lições aprendidas:

1. Elementos percussivos, como o bongô, podem ser construídos apenas com uma onda Sine.

2. Para construir esse tipo de elemento, usamos apenas uma voz (mono).

3. O envelope de amplitude (ADSR) sempre tem attack e release fechados, para conferir o punch característico.  O tamanho do meu elemento (no caso, o bongô), é determinado basicamente pelo decay. Quanto mais você aumentar o decay, maior o tamanho do elemento.

4. Se você quer um som mais aberto (brilhante, presente), você abre o cutoff.

5. Não foram necessárias modulações complicadas para criar este preset. O Envelope Editor e os LFOs estão desabilitados.

6. O Reverb com Size bem aberto fez toda a diferença para ambientalizar o timbre.

 

Simples, não é?

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Agora, você já sabe e nunca mais vai esquecer que para criar um bongô, basta habilitar uma onda sine, trabalhar o decay envelope ADSR e adicionar um reverb. Pronto!

Você já tem a fórmula da síntese de um bongô e pode aplicar a QUALQUER VST!

Agora, a missão de fazer isso com outros timbres mais complexos está em suas mãos!

 

Conclusão:

Essa é uma técnica um pouco trabalhosa, mas extremamente simples!

Ela exige esforço, dedicação e disciplina. No entanto, ela tem um potencial de te transformar em um mestre da síntese. Com essa técnica, você vai desenvolver a autonomia de criar os seus próprios timbres a partir dos SEUS presets favoritos, no SEU VST favorito.

Todavia, é necessário que você estude e domine os aspectos fundamentais da síntese sonora.

Caso você esteja sério na decisão de dominar a síntese sonora e colocar a sua música no estado da arte, eu sugiro fortemente que você conheça o programa Certificação Especialista em Sound-Design.


eduardojuliato

Eduardo Juliato se apaixonou pela música eletrônica em 2004, quando começou a frequentar as primeiras raves. Em 2005 começou a sua carreira como DJ e em 2009 como produtor. Em 2014 fundou a PME-Experts, uma escola online de produção de música eletrônica que hoje possui mais de 10 cursos e já ultrapassou os 2700 alunos. Seus conteúdos impactam semanalmente cerca de 30 mil pessoas nas redes sociais. Com seu projeto Sakyamuni, focado em Progressive Psytrance, tem lançado em importantes selos internacionais, como a Zenon Records, Soulectro e Weapon e tem se apresentado em todo o Brasil e em outros países como Peru, Bolívia e República Tcheca.

7 comentários

James · 20/05/2016 às 5:15 pm

Muito bom, essa pratica de desconstruir.
eu aprendi isso com a ideia que o Fernando lima passou em seu vídeo para seu workshop.
ele falo q nas antigas não existia presets nos modulares então eles tiravam fotos, dai pensei q eu poderia fazer isso também mais só que nos vsts tirando prints das telas para ensinar as pessoas . formula magica hehe nesse processo as vezes até fica melhor do que o original se alterarmos alguns parâmetros.

    eduardojuliato · 20/05/2016 às 5:18 pm

    Exatamente! A engenharia reversa permite que a gente entenda a lógica por trás de um timbre para utilizar esse conhecimento na confecção do nosso próprio arsenal. =)

George Batista da Silva · 21/05/2016 às 1:49 am

Salve mentor!!!
Poxa!!!! Até parece que vc estava lendo minha mente em relação a esta fórmula que apresentou em identificar cada “KNOOB” e como está setado para cada timbre existente… Eu estava precisando de empurrão mesmo para fazer tal “FÓRMULA”… Agora que vc praticamente me deu um impulso astronômico ao invés de apenas um empurrão, vou desvencilhar este universo que para mim estava sendo impossível de explorar… Mesmo assim ainda continuo com muito afinco estudando a síntese para ter mais visão interna desta ciência por trás dos timbres. Obrigado MAN! por nos fazer entender como funciona e enaltecer nosso conhecimento. Ps.; “TU ÉS F**A CARA! Muito obrigado!!!

    eduardojuliato · 21/05/2016 às 2:11 am

    Hey man, fico mto feliz com isso! Valeu!

Rafael lima · 08/07/2016 às 7:37 pm

Iluminou a minha mente agora mano, tu é um fera!! Obrigado e parabéns pelo conteúdo de primeira!! Abração

SsíriusS · 15/07/2016 às 8:00 pm

Muito top as suas dicas!!!

Lucas · 29/05/2018 às 8:42 pm

Ótimo artigo, uma boa técnica para quem está começando com a síntese sonora.
O único problema é pra criar timbres que somente são ouvidos, não se tem o preset. Talvez com o tempo e a prática seja possível alcançar esses timbres.
Mas é um ótimo método.
Abraço.

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