Um baixo definido é o maior desejo (e desafio) de qualquer produtor! 

O fato é que, para chegar em um baixo definido, de alto nível, leva tempo, exige muita experimentação, treino, percepção, desenvolvimento do ouvido.

Além disso, a percepção das frequências mais graves da sua música depende bastante da sua acústica. Uma acústica ruim, com muitas reflexões, geralmente compromete a mixagem do baixo.

E o baixo é uma das coisas mais importantes da sua música. Sendo assim, estamos diante de um problema grande. Você não quer que o seu baixo destrua a sua música. Ao mesmo tempo, você quer o baixo mais potente e definido que o universo pode te oferecer. Eu sei disso!

A boa notícia é que nesse artigo, você vai conhecer alguns segredos para deixar o seu baixo definido, “tight”, com pressão, peso e gordura!

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O que você vai aprender nesse artigo?

  • Porque você precisa entender conceitos de espectro e dinâmica antes de qualquer coisa
  • Quais são os recursos que podem te ajudar a controlar a dinâmica para deixar o baixo perfeito
  • Como conseguir equilibrar as frequências para obter um baixo de alto nível
  • Quais são os truques de equalização para atingir o máximo de definição
  • Como configurar o compressor para deixar o baixo tight, percussivo e potente
  • Limiter: usar ou não usar?
  • Como utilizar o Envelope ADSR com maestria
  • Muito mais…

Preparado?

Antes de começar, precisamos entender 2 conceitos essenciais para você poder criar um baixo definido e poderoso:

Espectro e Dinâmica 

Espectro se refere às frequências. Muita gente acha que o baixo é somente grave. Esse é um grande erro. O baixo tem que ter equilíbrio de frequências. Ele deve possuir graves, médio-graves, médios, médio-agudos e, acredite, agudos. Sim, o baixão precisa de brilho!

No vídeo abaixo, eu explico sobre o espectro de frequências. Vale a pena investir 20 minutos nessa aula se você não domina muito bem esse assunto.

O outro conceito é a dinâmica. E a dinâmica nada mais é do que como a amplitude (entenda como volume) vai se comportar ao longo do tempo. Repetindo: É como a amplitude se comporta ao longo do tempo.

Esse conhecimento é essencial. Por exemplo, um kick é um elemento percussivo, não é?

A amplitude (ou o volume) dele começa bem alta e diminui rapidamente. Isso configura um aspecto percussivo. Já um violino ou um pad, pode exemplo, possui uma dinâmica bem diferente. A amplitude começa bem baixa e vai aumentando lentamente. Depois, ela decai lentamente.

Em um VST ou sintetizador, a gente controla essa dinâmica através do Envelope de Amplitude.  Entretanto, existem várias outras formas de controlar a dinâmica de um arquivo de áudio, desde Envelope do Filtro, Compressão, Limiter, automações, plugins de dinâmica etc.

Muito bem! Conceitos definidos, vamos às dicas matadoras para você criar um baixo definido e poderoso.

1. Envelope de Amplitude 

Na minha opinião, tudo começa aqui. Você abre um VST, seja ele qual for, escolhe a sua onda e vai direto para o Envelope de Amplitude (o famoso ADSR). Observe se o envelope que você está mexendo realmente é o de amplitude ou se é do filtro.

No Serum, por exemplo, o Envelope 01 (Env 1) já está definido como de amplitude. Isso quer dizer o que? Que ele vai controlar como o volume do seu baixão vai se comportar ao longo do tempo. E esse espaço de tempo é tão pequeno que é medido em milissegundos (ms).

Se você quer um baixo percussivo, você vai querer que esse volume comece alto e abaixe rapidamente. Portanto, é legal deixar o Attack e o Release bem fechados.

Importante: Em alguns VSTs, quando você deixa o Attack e o Release bem fechados, pode ser que surjam alguns “clicks” indesejáveis. Nesse caso, você vai ter que ir abrindo um pouquinho os 2 parâmetros, até que o que o click desapareça.

Já o Decay e o Sustain, você vai controlando no ouvido. E é aqui que está a mágica. Tudo vai depender de como você quer o seu bass, do BPM da sua música etc.

Se o baixo é mais longo, por exemplo, um Off-beat, você vai querer um pouco de sustain. De o baixo é corrido, de 3 notas, estilo psytrance, pode ser que o sustain zerado fique melhor. Nesse caso, você só vai deixar o Decay um pouco aberto.

Desta forma o som fica mais “Plucky”. Não sei a tradução disso. Mas o baixo fica plucky. hehe

No vídeo abaixo, eu mostro como deixar o seu baixo Plucky no VST Spire, mas você pode usar o mesmo conceito em qualquer outro:

2. Envelope do Filtro

O Envelope do Filtro, essencialmente, funciona da mesma forma que o de Amplitude. Entretanto, em vez de controlar como o volume se comporta ao longo do tempo, ele controla como o Cutoff vai se abrir e fechar ao longo do tempo.

Para deixar o seu baixo mais plucky, mais percussivo, mais definido, você pode usar esse envelope também!

Se o seu cutoff começa aberto e se fecha rapidamente, isso vai deixar o baixo mais definido, tight e poderoso. Além disso, essa técnica vai valorizar o attack do bass e fazer com que ele se sobressaia na mix, ao invés de sumir.

A configuração do envelope do filtro vai ser muito parecida com a do envelope de amplitude. Attack, Sustain e Releases fechados (o máximo que der) e Decay um pouquinho aberto. Quão aberto? Você precisa ir testando até chegar no ponto ideal.

3. Velocity

O velocity é a intensidade com que a nota é tocada. Se você não sabe como controlar o velocity no seu software de produção, dê uma pesquisada no Google.

Controlar o velocity é controlar a dinâmica do baixo. É interessante você fazer variações no velocity para humanizar o som e incrementar o groove.

No vídeo abaixo eu mostro o poder do velocity para criar um baixo poderoso.

4. Tamanho das notas

O tamanho das notas influencia fortemente o groove e também a definição do baixo. Notas grandes vão ultrapassar o próximo kick e embolar tudo.  Por isso, é legal ajustar o tamanho das notas no Piano Roll (onde você desenha as notas). Ajuste pelo ouvido até que elas se encaixem perfeitamente com o kick.

Baixo Definido - Top Produtor

Dica Ninja: Assim que terminar de criar o seu baixo, passe para áudio. Assim você tem  um controle maior sobre as notas. Você pode cortar as notas e, literalmente, tirar do caminho do kick.

Você pode se perguntar “Ah, mas eu não posso deixar o baixo batendo junto com o kick?”.

A resposta é: Não existe nada que você não possa. Tudo pode, inclusive, deixar o bass bater junto com o kick. Dá mais trabalho na mixagem, mas pode. Como eu gosto de baixos bem percussivos, eu não gosto de deixa-los batendo junto com o kick. Mas, tudo depende do gênero, do estilo etc.

5. Compressão

O compressor é outra ferramenta poderosa que permite controlar a dinâmica do nosso som. Em resumo, ele funciona como o envelope de amplitude. Ele controla como o volume vai se comportar ao longo do tempo.

Para um baixo bem percussivo e definido, é legal deixar o attackdo compressor relativamente aberto. Assim, ele não irá atuar sobre o início a onda, deixando o attack livre e, desta forma, com mais definição.

O release precisa ser controlado no ouvido, mas eu geralmente gosto de um release a mais ou menos 100-110ms.

O ratio geralmente 4:1 e o Threshold atua junto com o ratio. Você vai ajustando no ouvido. Eu sempre gosto de compressões sutis, sem esmagar muito.  Não cabe a este artigo ensinar sobre comp

ressão. Mas essa é uma configuração básica que acaba funcionando bem quase sempre.

Baixo Definido - Top Produtor

Dica ninja: O compressor não faz milagre. Ele promove um controle sutil sobre a dinâmica. Se você “forçar a barra” e tentar fazer com que o compressor resolva o seu problema com o baixo, vai se dar mal. Ele é como se fosse um ajuste fino da dinâmica. As mudanças são sutis. É claro que se você exagerar na compressão, as mudanças serão expressivas, mas na maioria das vezes indesejáveis. Use com moderação!

7. Equalização

A equalização pode mudar drasticamente o seu baixo, para melhor ou para pior.

Alguns passos para uma equalização poderosa:

Passo 01: Cortar o Low-End

Eu geralmente gosto de cortar tudo abaixo de 32Hz, mais ou menos. Essas frequências são praticamente inaudíveis, mas são ondas muito grandes, que ocupam espaço na mix. É quase um consenso geral entre todos os produtores cortar essas frequências, tanto do kick, como do baixo.  Já vi grandes nomes da música eletrônica mundial fazendo isso.

Passo 02: Procurar e cortar pontos de ressonância 

Que diabo é isso? É simples, eu faço um boost de uns 10-15db e com o Q (largura) estreito. Começando em 30Hz, eu faço uma espécie de varredura em todo o espectro.

Quando eu encontro algum ponto em que eu percebo uma ressonância que incomoda muito, eu transformo esse boost em um corte. Esses cortes geralmente são sutis, de 3-4db.

Geralmente, esses pontos de ressonância são mais presentes no segundo e terceiro harmônicos, lá pelos 80-150Hz.

Passo 03: Cortar a lama 

Um corte nos médios, entre 400-600Hz vai tirar a “lama” do seu baixo e deixa-lo bem definido. Experimente.

Passo 04: Verificar o equilíbrio 

Não existe fórmula para equalização. Você tem sempre que parar e observar, entender o que está faltando ou sobrando, e adotar medidas para resolver isso. Se estiver faltando brilho e presença, você pode dar um boost nos agudos. Se não funcionar, você pode recorrer a uma saturação, que é o próximo tópico.

8. Saturação

Quando eu utilizo saturação?

Quando eu quero “esquentar” ou evidenciar determinadas frequências. Geralmente, eu gosto de usar saturação multi-banda, tal como o FabFilter Saturn, pois ele me permite atuar somente nas frequências que eu quero, ao invés de saturar tudo.

Mais uma vez, eu uso saturação com muita sutileza, apenas para dar um toque final no brilho, esquentar um pouco os médios, médio-graves etc. Muitas vezes, eu não uso. Mas é um recurso interessante a se considerar.

No Logic, eu utilizo um plugin que não é exatamente uma saturação, mas tem um efeito parecido, que é o Bass Amp Designer. É um simulador de amplificador de baixo. Por algum motivo, ele deixa o baixo muito gordo e poderoso.

A gente descobre esses plugins testando. Como eu sempre digo, não existe certo e errado. Se você colocou um plugin e ficou bom, bingo, você pode usar!

9. Limiter

O limiter é o último plugin que eu uso no baixo (quando eu uso). Geralmente, eu gosto de fazer um grupo do kick + baixo e aplico um limiter nos 2 juntos. Isso faz com que eles fiquem colados e com um peso muito grande. Entretanto, eu utilizo este plugin com muita sutileza. 

Se você for utilizar um limiter, seja muito, muito sutil. Se não, você vai transformar seu kick e baixo em um pedaço de tijolo, sem dinâmica, que vai fazer doer os ouvidos. Esse é um plugin meio perigoso. Muita gente fica empolgada com ele, porque ele, aparentemente, deixa o baixo muito potente. Mas lembre-se sempre de preservar a dinâmica do seu baixão!

O Limiter que eu mais gosto de usar é o L2 da Waves. Ele é simples, mas vale dar uma lida no manual para entender como ele funciona.

Conclusão

Para criar um baixo definido e poderoso, você precisa compreender os conceitos de espectro e dinâmica e quais são os recursos necessários para controlar esses 2 aspectos com maestria.

Se você quer dar um passo além e aprender os segredos para criação de basslines, sugiro que você conheça o curso Bassline Ninja 2.0 na plataforma PME-CLUB.

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eduardojuliato

Eduardo Juliato se apaixonou pela música eletrônica em 2004, quando começou a frequentar as primeiras raves. Em 2005 começou a sua carreira como DJ e em 2009 como produtor. Em 2014 fundou a PME-Experts, uma escola online de produção de música eletrônica que hoje possui mais de 10 cursos e já ultrapassou os 2700 alunos. Seus conteúdos impactam semanalmente cerca de 30 mil pessoas nas redes sociais. Com seu projeto Sakyamuni, focado em Progressive Psytrance, tem lançado em importantes selos internacionais, como a Zenon Records, Soulectro e Weapon e tem se apresentado em todo o Brasil e em outros países como Peru, Bolívia e República Tcheca.

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