Masterizar uma música é uma tarefa que exige, além de conhecimentos avançados sobre áudio, um ouvido muito crítico e bem treinado.

Sendo assim, podemos dizer que grande parte da tarefa de um masterizador é simplesmente ouvir. A masterização em si é um processo muito simples e rápido. O grande desafio é ouvir uma música, compreender quais são as suas características sônicas e, principalmente, o que precisa ser feito para que aquela música se torne equilibrada, consistente e adequada para ser distribuída em diversos canais.

Essencialmente, a masterização é nada mais do que limitar os picos e ajustar o ganho de uma música. Entretanto, desde quando a masterização surgiu, o aspecto criativo deste processo está ganhando cada vez mais espaço, permitindo que o masterizador manipule e transforme a música, evidenciando o que ela tem de melhor e, eventualmente, corrigindo alguns problemas de mixagem.

A ideia deste artigo não é detalhar o processo de masterização e sua essência, mas relatar e comentar um conteúdo que foi transmitido pelo Deadmau5. Patrocinado pela Razer Music, o artista, junto com Steve Duda (criador do Serum e do LFO-Tool, da Xfer Records), mostra o seu processo de masterização que, por sinal, é bem simples.

Preparado? 

Antes de mais nada, Deadmau5 já abre o jogo dizendo que não existe uma Master-Chain (cadeia de plugins utilizados na masterização) milagrosa e única, capaz de fazer o seu som ficar muito mais gordo e melhor. Tudo depende da experimentação. Mas o princípio é o mesmo. No final da sua cadeia de plugins, você vai querer ter um Limiter definindo o ceiling (a amplitude máxima que a sua música vai alcançar), que geralmente é algo em torno de -0.3dB.

Vamos conhecer os processos do mestre:

Equalização

Devices-Closeup-EQ+Comp+Glue

A primeira coisa que ele faz é cortar tudo abaixo de 20Hz, utilizando o Ableton EQ Eight.  Isso por 2 motivos:

1 – Você não ouve essas frequências, mas elas existem e podem comprometer a mix.

2 – Você cria mais headroom para a track.

Na verdade, ao longo do vídeo, ele vai cortando até 35-38Hz. Com seus monitores 7.1 de ultra-qualidade, ele diz que não é capaz de ouvir nada abaixo de 35Hz, apesar de sentir essas frequências em grandes sistemas de som. O slope que ele usa é bem agressivo, talvez 48 ou 72dB/oitava.

Compressão

shadow_press

Ele utiliza o UAD Shadow Hills Mastering Compressor (US$299,00).

A ideia é colar os elementos. Então, a atenuação é bem sutil, de apenas 1dB. Attack e Release bem lentos e o Threshold bem sutil.

Você pode substituir esse compressor pelo SSL-Channel, da Waves e pelo Glue Compressor, da Cytomic (que se não me engano, já vem como nativo no Ableton 9).

Esse tipo de compressão pode ser aplicado tanto em grupos de canais, tal como faz o Deadmau5, como na masterização. É uma técnica simples para deixar todos os elementos colados.

Compressão multi-banda

3845.jpg

O terceiro plugin da cadeia é um compressor multi-banda – Xfer Records OTT. Esse compressor é mais complexo que um multi-banda comum, porque é capaz de comprimir várias bandas de diferentes maneiras.

No video, não dá para ver os valores precisos e ele utiliza um preset, que é o ponto de partida para a sua experimentação.

Limiter

76

Para chegar no volume ideal, ele utiliza o Ableton Limiter no final da cadeia de plugins com as seguintes configurações:

+ 10dBFS de input amplification

– 0.3 dBFS no volume de saída (ceiling).

A redução de ganho não é muito expressiva. Algo em torno de 2-4dBFS.

Conclusão

A masterização não faz mágica. Esse processo não tem como transformar uma produção ruim em algo fenomenal. Portanto, o processo de criação e, sobretudo, mixagem, são o que vão determinar a qualidade da sua música.

A cadeia de plugins do Deadmau5 é muito simples porque não precisa ser complexa, uma vez que a música produzida por ele é impecável. Com pequenos  ajustes, ele consegue deixar a música pronta para estourar em todos os canais de distribuição.

É interessante ver como um ícone mundial da música eletrônica trata as coisas de maneira simples.

Portanto, o grande segredo da masterização é deixa-la o mais simples possível. E isso depende dos estágios que a precedem!

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eduardojuliato

Eduardo Juliato se apaixonou pela música eletrônica em 2004, quando começou a frequentar as primeiras raves. Em 2005 começou a sua carreira como DJ e em 2009 como produtor. Em 2014 fundou a PME-Experts, uma escola online de produção de música eletrônica que hoje possui mais de 10 cursos e já ultrapassou os 2700 alunos. Seus conteúdos impactam semanalmente cerca de 30 mil pessoas nas redes sociais. Com seu projeto Sakyamuni, focado em Progressive Psytrance, tem lançado em importantes selos internacionais, como a Zenon Records, Soulectro e Weapon e tem se apresentado em todo o Brasil e em outros países como Peru, Bolívia e República Tcheca.

1 comentário

Gautier Leandro · 20/12/2019 às 12:25 am

Bem esclarecedor!

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