Dicas que eu gostaria de saber no início (pt.1)

Se tornar um produtor de música eletrônica significa ter que dominar vários e vários assuntos diferentes.  E durante esse processo, algumas armadilhas podem tirar o seu foco e te levar para caminhos não desejados.

Preparei algumas dicas importantes, que eu gostaria que alguém tivesse dito para mim no início!  Espero que elas te ajudem.

Toma conselhos com o vinho, mas toma decisões com a água.

Benjamin Franklin

Dica #1 – Tenha bons samples

O seu pacote de samples é a sua caixa de ferramentas. É basicamente o conjunto das suas armas secretas. Trabalhar com samples de qualidade vai aumentar muito as chances da sua música ir para o próximo nível. Além disso, eu acho que você deve comprar os seus samples.

Por que?

Por 2 motivos:

1 – Porque quando você paga, você se compromete. Simples assim! Se você baixar agora uma pasta, em algum site de pirataria, com 500 Gb de samples, você vai tirar dela menos proveito do que se você investir 20 dólares em uma pastinha com 1 Gb. Eu costumo comprar os meus no Beatport. Acredite, você vai ter muito mais carinho pela sua pasta, vai querer conhecer os seus samples e vai querer tirar o máximo proveito deles.

Obs.: O mesmo vale para cursos. Você pode baixar vários e vários mas só vai ter resultado com aquele que você comprar. Eu já testei isso MUITAS vezes comigo mesmo. Já baixei cursos que valiam mais de R$2000,00 e eles não me trouxeram o menor resultado, ao contrário dos que eu comprei. Deve existir alguma lei mística na internet que rege isso! Não sei… =P

2 – Você vai ter um pacote de samples de qualidade, criados por uma empresa, na maioria das vezes competente e, acima de tudo: Você não estará usando samples carne de vaca na sua música. As vezes eu ouço algumas músicas e já sou capaz de falar de qual pacote da Vengeance é o uplifter que o cara usou. Você pode pensar “Ah, mas ninguém vai reconhecer esses samples”, mas pode ter certeza que irão. Tudo bem, não tem muito problema nisso… mas é de cada um. Eu prefiro ter samples que não são tão batidos.

Dica #2 – Autoconhecimento 

As vezes, você está inspirado e tudo parece fácil na hora de produzir. Às vezes, parece que não sai nem uma única ideia da sua cabeça.

Isso é conhecido como “Writer’s block” ou algo como “bloqueio do escritor” ou “síndrome da tela branca”, e é absolutamente normal, pra você, pra mim e também para os grandes artistas.

Eu não acho que devemos esperar a inspiração bater à nossa porta. Existem algumas maneiras que eu uso recuperar a inspiração, como fazer pausas, dormir, relaxar, sair, escutar música ou ir a um festival (essa é a melhor).

Mas o grande lance é você saber identificar o momento em que você está para poder gastar sua a energia de maneira eficiente.

O que eu quero dizer com isso?

Simples! Se você está motivado, inspirado e cheio de ideias, utilize esse momento para CRIAR, ou seja, para compor. Crie o máximo que puder até a sua mente cansar e parar de ter ideias. Não estrague esse momento escolhendo samples, mixando, organizando as coisas…

Já quando você percebe que as ideias não estão fluindo e mesmo assim você quer produzir, você pode utilizar a sua energia para tarefas menos criativas, como por exemplo escolher samples, passear pelos presets, tentar recriar alguns presets, criar suas pastas com samples e presets favoritos, “dar um tapa” na mix da sua música, organizar os canais… você entendeu a ideia.

Dica #3 – Humanize a sua música 

A música eletrônica é extremamente matemática e os softwares de produção possuem uma grade na qual podemos organizar cada elemento no tempo exato. No entanto, na vida real não é assim. Um baterista não bate na caixa com a mesma intensidade e exatamente no mesmo tempo 100% das vezes. Existem pequenas variações que são inerentes da música e, inclusive, a tornam mais interessante.

Para tornar a sua música mais interessante e humanizada, você pode usar:

• Variações no velocity (a intensidade com que cada nota é tocada). Eu uso muitas variações no velocity da bateria e também do baixo.
• Instrumentos “reais”. Eu gosto muito de usar viradas de bateria nas minhas músicas, além de alguns acordes de violão e samples de elementos de percussão reais.
• Swing. O swing é, a grosso modo, um pequeno afastamento de um elemento da sua linha da grade. Mais a grosso modo ainda, é como se você posicionasse um elemento (ex. uma caixa) fora da linha da grade, propositalmente. Essa variação no pulso é interpretada de maneira interessante pelo expectador, que basicamente não percebe o “erro” e sente a música mais dançante.

Dica #4 – Aprenda um pouco de teoria musical 

Se você não estudar teoria musica, você até vai ser capaz de produzir música eletrônica. Inclusive, você pode até produzir boas músicas. O fato é que a tecnologia tem facilitado cada vez mais as nossas vidas. Existem maneiras automáticas de criar acordes, escalas, progressão de acordes etc.

Mas, se você souber teoria musical, o seu processo de evolução será muito mais rápido e as chances são que a sua música vai ser muito mais interessante.

Você não precisa estudar violão erudito em um conservatório durante 12 anos para criar melodias memoráveis na sua música. Com o mínimo de conhecimento em teoria musical, você já vai voar!

Então, deixe de preguiça e vá estudar teoria!

Dica #5 – Ajuste o seu mindset

Tem uma frase que eu gosto muito que é “Contente, porém nunca satisfeito”. Isso quer dizer que a perfeição não existe e você precisa se acostumar com isso. A sua música não vai ficar perfeita. E está tudo bem! O que você precisa é termina-la e não deixa-la perfeita.

Resumindo, você precisa ajustar o mindset para TERMINAR as suas músicas. Entretanto, quando você está nesse processo, você não irá se preocupar com o resultado final, mas sim com o próximo passo que você precisa dar para evoluir aquela música. Sempre vise o próximo passo e esqueça o resultado final.

Quando você foca na performance, em vez de focar no resultado, a qualidade será a consequência!

Dica #6 – Criatividade e Emoção 

Você deve buscar a máxima qualidade em suas produções. Mas, não se esqueça que a criatividade e a emoção são os 2 elementos mais importantes na sua música. Em outras palavras, é melhor que você seja mais criativo do que técnico. Música é arte!

Dica #7 – Acredite mais em você 

Pedir feedbacks é algo que pode te ajudar a enxergar alguns erros em suas produções. Mas, tenha em mente que se você pedir feedbacks para 100 pessoas, cada uma delas irá dar um palpite diferente na sua música.

Se você não tomar cuidado, estará terceirizando a proposta da sua música! Definitivamente, não é isso que você quer!

Portanto, quando for pedir feedbacks, tenha um filtro e tente absorver as considerações que dizem respeito à técnica e não à proposta.

Você precisa confiar no seu estilo, por mais bizarro que ele pareça!

Que você tenha excelentes produções! o/

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