Sound-Design é uma habilidade importantíssima para qualquer produtor de música eletrônica. FATO! Não há como negar.

Você pode usar samples e presets e eu, particularmente, adoro utilizar esses recursos para me inspirar e expandir a minha criatividade, além de aprender também. Mas, MESMO quando você usa samples e presets, você também precisa dominar um pouco da arte do sound-design.

Sound-design, na minha concepção, vai além da síntese sonora. É todo o processamento que você faz em um elemento para chegar no resultado desejado. Todos os efeitos, manipulações e transformações de um timbre fazem parte da arte do sound-design.

Nesse artigo, você vai aprender várias dicas importantes para expandir a sua criatividade e expandir as possibilidades na criação dos seus timbres. Mas, já vou deixar aqui o convite. Se você quiser realmente dominar a arte do sound-design, conheça a nossa formação completa.

Dica #1 – Separe as sessões

Eu tenho uma teoria de que utilizamos partes diferentes do cérebro para produção e para o sound-design. Uma coisa não combina muito com a outra, pelo menos pra mim. Quando eu estou super criativo para criar músicas, minha habilidade de sound-design é reduzida ao pó. Por outro lado, quando eu estou focado somente no sound-design, a coisa flui.

Sendo assim, eu acho muito interessante separar sessões de sound-design das sessões de produção.

Separe as seções

Dica #2 – Espere o motor do sound-design aquecer

Sound-design é igual fazer um esporte. As primeiras tentativas não funcionam muito bem. Você precisa “aquecer”. Depois de alguns minutos brincando, explorando e testando várias possibilidades, você começa a aquecer e criar timbres mais interessantes.

Dica #3 – Crie o seu próprio banco de presets

Você não tem ideia de como isso pode ser engrandecedor para um produtor. Em primeiro lugar, quando você tem o seu próprio banco de presets, o seu workflow fica MUITO mais acelerado. Em segundo lugar, a sua música fica com mais coerência porque, ao invés de ficar usando um monte de presets aleatórios, você vai utilizar os SEUS presets. Em terceiro lugar, você aprende muito com esse processo. Em quarto lugar, se você fizer um bom trabalho, você pode vender o seu banco de presets.

serum

Dica #4 – Use o REVERSE

Elementos ao contrário podem ficar muito interessantes. Em qualquer DAW, você pode fazer isso facilmente. Um acorde, um arp, um synth, um bass e até mesmo elementos da bateria ao contrário podem te dar um resultado supreendente.

Dica #5 – Layering

Layers significam camadas. Isso quer dizer que você pode usar 2, 3, 4 elementos sobrepostos para criar um único. Experimente adicionar uma camada de noise em um synth, por exemplo. Ou então, você pode criar uma progressão de acordes e usar 3 canais com synths diferentes, em oitavas diferentes, para gerar um som muito grande.

layer

Dica #6 – Sound-Design com sons gravados

Gravar sons da vida real é algo que você deve considerar no seu sound-design. Pode ser com o celular mesmo. Por exemplo, eu tenho uma música em que gravei o som da porta meio emperrada abrindo. Adicionei alguns efeitos, como compressor, reverb, delay e o resultado ficou muito massa. Eu não teria criado o mesmo timbre em um VST.

grave

Dica #7 – Use transientes de outros elementos

Você pode pegar o transiente de um elemento de percussão e colocar no início de cada nota do seu baixo. Fica brutal! O seu baixo vai aparecer muito mais na mix. Essa é uma dica que eu ensinei no Backstage, uma plataforma em que eu subo uma aula por semana com técnicas que eu utilizo nas minhas músicas. É uma mensalidade bem baratinha e toda semana tem aula nova, além de todas que já estão disponíveis.

transient

Dica #8 – Abuse das distorções

As distorções podem gerar efeitos surpreendentes em qualquer elemento. Mas, você não precisa se limitar a UM plugin. Experimente colocar 3, 4, 5… não existe limite e não existem regras no sound-design. Use diferentes distorções, diferentes plugins, destrua o som sem medo.

distorção

Dica #9 – Engorde o som com Early Reflexions do Reverb

Experimente adicionar um com apenas Early Reflexions. Ao invés daquele efeito espacial, que estamos acostumados, quando você utiliza apenas early reflexions, o som vai ficar na cara e mais gordo.

reverb

Dica #10 – Faça engenharia reversa nos melhores presets que você tem

Engenharia reversa é o processo de estudar e decifrar os presets que você mais curte. Mas, como fazer isso? Primeiramente, temos que entender o fluxo da síntese no VST. O som é gerado nos osciladores, depois é filtrado pelo filtro e é amplificado. Durante esse trajeto, ele sofre modulações dos envelopes e LFOs. Essas modulações podem ser no volume, no filtro ou em qualquer parâmetro que o VST permita.

Sendo assim, comece desabilitando todas as modulações, o filtro e todos os efeitos. Observe quais são as ondas que estão nos osciladores. Observe as características sonoras dessas ondas. Depois, habilite o filtro. Depois, habilite cada modulação. E por fim, habilite os efeitos, um a um. Durante esse processo, tente identificar os padrões. Identifique o que cada modulação, cada efeito, cada envelope causa no som.

A depender do VST, você também pode observar a Matriz (matrix) de modulações, onde todas as modulações estão detalhadas.

É um processo trabalhoso, que leva tempo. Mas, o aprendizado é muito grande! Acredite!

Dica #11 – Faça loucuras no sound-design

Entenda uma coisa: Não existem regras no sound-design. Não existe nada ridículo. Não existe certo e errado. Nada impede de você abrir 8 compressores, um seguido do outro. Ou 5 reverbs, seguidos de distorção, compressão, delay, mais reverb, mais distorção e um limiter. Use plugins aleatórios. Use os plugins que você nunca usou. Você pode chegar a resultados imprevisíveis.

Dica #12 – A ordem dos plugins importa

Na dica 11, falamos sobre usar plugins sem medo. Mas, o que você precisa ter em mente é que o som vai passar de um pro outro. Então, o plugin que estiver à frente vai atuar sobre o sinal processado por todos os demais. Portanto, a ordem dos plugins afeta o resultado final. É diferente colocar uma saturação antes do reverb ou vice-versa, por exemplo.

Dica #13 – Salve racks de efeitos / Channels strips (Logic)

Muitas vezes, eu abro uma série de plugins em um canal que acaba gerando um efeito interessante em um timbre. Então, eu salvo esse rack de efeitos para usar em outros timbres/presets.

Dica #14 – Utilize o poder dos Macros e automações

Alguns VSTs, como o Serum, Massive e Vital oferecem Macros. Os Macros são uma espécie de modulação. É uma maneira de controlar vários parâmetros ao mesmo tempo. Observe nos seus presets como eles são configurados para ter ideias. Fazer automações nos macros é o poder!

macro

Dica #15 – Passe para áudio

Quando você passa um elemento para áudio, você tem mais possibilidades de edição. Você pode esticar, virar ao contrário, picotar, alterar o pitch, inserir em um sampler. São infinitas possibilidades. Geralmente, em minhas sessões de sound-design, eu utilizo apenas 1 canal de midi, com 1 VST aberto e vou passando tudo pra áudio. Isso, inclusive, poupa processamento do seu computador.

Dica #16 – Crie uma pasta dos seus presets favoritos

Além da minha própria pasta de presets (criados por mim), eu também tenho uma pasta dos meus presets preferidos de todos os bancos que eu tenho. Essa organização me ajuda a produzir mais rápido e perder menos tempo surfando nos presets.

preset

Convite: Você já conhece o meu banco de presets Serum Psychedelics? Mesmo que você não seja um produtor de psytrance, eu recomendo muito esse banco. Ele demorou meses pra ser criado e é uma bomba. Utilize para fazer engenharia reversa se quiser.

Serum Psychedelics

Dica #17 – Faça loucuras com o EQ

Lembra que não existem regras? Por que não fazer loucuras com o EQ? Experimente fazer vários boosts e cortes e fazer automações para que todos eles se movimentem.

Dica #18 – Domine 1 VST muito bem! (Use presets nos outros)

Você não precisa ser Ph.D em todos os VSTs do planeta. Se você domina muito bem apenas 1, já é suficiente. No meu caso, eu posso dizer que viro o Serum do avesso. Existem outros que eu sou relativamente bom, como o Diva, o Massive, o Vital… mas não tanto quanto no Serum! Eu me sinto confortável em criar coisas lá e consigo fazer isso com muito mais velocidade.

Dica #19 – Tente recriar sons como um exercício

Eu tenho um pouco de receio de dar essa dica porque eu prego que você não tem que ser escravo de reproduzir coisas que já existem. Eu falei no começo do texto. Mas, como um exercício, isso pode ser bem interessante. Quando for recriar um elemento, observe as características dinâmicas (envelope de amplitude), o timbre (que onda você acha que foi utilizada), o filtro e os efeitos.

Dica #20 – Faça processamentos malucos em seus samples

Você tem alguns sample-packs aí. Experimente fazer todo tipo de processamento maluco em alguns samples. Estique, altere o pitch, coloque ao contrário, adicione 300 plugins, experimente sem medo!

Dica #21 – Use FOLEY

O que é foley?

O termo vem das indústrias de cinema e teatro (em homenagem a um cara chamado Jack Foley) e é um termo usado para descrever sons gravados que imitam o que o ator está fazendo na tela, em camadas para aumentar o realismo e a clareza.

Pense em passos no corredor – gravá-los bem de perto enquanto se tenta filmar um ator ao vivo é um processo muito difícil. Seria mais fácil e menos caro adicioná-los durante a pós-produção em um ambiente de estúdio controlado.

Você acha samples de foley gratuitos na internet, como neste site.

Dica #22 – Aprenda técnicas de outros gêneros

Se você produz psytrance, experimente assistir tutoriais de sound-design de techno, house, chill out ou qualquer outro gênero. Isso pode te ajudar pensar mais fora da caixa e ampliar o seu leque de técnicas.

Dica #23 – Leia o Manual dos Plugins

Ler o manual dos plugins de efeitos e instrumentos virtuais é chato, mas é um belo investimento. Se você não sabe inglês, use o Google Tradutor. Se vira! Mas, não deixe de ler! Isso vai trazer muito conhecimento e melhorar o seu workflow.

Dica #24 – Faça cursos de sound-design

Nada como aprender de maneira profissional a manipular os VSTs e toda a ciência do sound-design. No Combo Sound-Design, você vai ter uma formação completa, com mais de 200 aulas e para você se tornar um mestre do sound-design. Clique aqui para saber mais.

Então, é isso!

Espero que você tenha curtido essas dicas e nos vemos no palco!


eduardojuliato

Eduardo Juliato se apaixonou pela música eletrônica em 2004, quando começou a frequentar as primeiras raves. Em 2005 começou a sua carreira como DJ e em 2009 como produtor. Em 2014 fundou a PME-Experts, uma escola online de produção de música eletrônica que hoje possui mais de 10 cursos e já ultrapassou os 2700 alunos. Seus conteúdos impactam semanalmente cerca de 30 mil pessoas nas redes sociais. Com seu projeto Sakyamuni, focado em Progressive Psytrance, tem lançado em importantes selos internacionais, como a Zenon Records, Soulectro e Weapon e tem se apresentado em todo o Brasil e em outros países como Peru, Bolívia e República Tcheca.

0 comentário

Deixe um comentário

Avatar placeholder

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *