Imagine a sua música sendo tocada depois de um grande artista em uma festa…

Seria uma diferença brutal ou o será que a qualidade seria equivalente? 

Em outras palavras: a sua música está pronta para o palco? Nesse artigo, você vai descobrir os fatores secretos que irão levar a sua música para o próximo nível… ou seja, pronta para o PALCO! 

Mas pra isso, você precisa de duas coisas:

1 – Músicas prontas

2 – Músicas prontas e bem mixadas

Infelizmente, por não dominar os processos da mixagem, muitos produtores não terminam as suas músicas.

E pior do que isso, muitas músicas boas (semi-prontas) estão sendo esquecidas no fundo do HD e nunca serão mostradas ao público simplesmente porque o produtor desistiu delas.

Se você também comete esse erro, você precisa desenvolver a habilidade de terminar as suas músicas. Um HD cheio de música semi-pronta não vai te levar a lugar algum!

Uma música semi-pronta não serve pra nada!  

E se muitas músicas são esquecidas e largadas às traças no fundo do seu HD, é provável que você não tenha um processo claro e definido em sua mente sobre a MIXAGEM. Mais do que isso, a principal dificuldade dos produtores na etapa da mixagem é saber 2 coisas: 

1 – Quando ela começa

2 – Quando ela termina

Mas, fique tranquilo!

Nesse artigo, você vai aprender de uma maneira simples e didática o meu checklist da mixagem.  Basta seguir o checklist e você não vai mais se perder na hora de mixar as suas tracks!  

Continue lendo este artigo para saber mais sobre:

  • Onde a mixagem começa;
  • Qual o passo-a-passo para mixar uma música do começo ao fim;
  • Quais são os recursos que você precisa;
  • Muito mais…

Eu preciso de um estúdio com boa acústica, monitores e interface de áudio para conseguir uma boa qualidade de mixagem?

Fonte: Legacy Studio

Sem dúvida, esses recursos são importantes e caso você os possua, eles podem ser muito úteis. Mas, o fato é que você PODE realizar boas mixagens apenas com um Headphone!

A minha última música, em parceria com o projeto Vimanna (Rodrigo Silva) foi aceita para a Zenon Records, o selo mais importante de prog-dark do mundo, conhecido pela sua exigência técnica com as músicas que são lançadas por lá.

Essa música foi inteiramente mixada utilizando apenas um headphone!

Mais do que de EQUIPAMENTOS, você precisa de PROCESSOS!

Fonte: iThemes

“Mas eu não tenho ideia de como mixar uma música do início ao fim e atingir o máximo de qualidade”

Esse talvez seja o grande desafio da maioria dos produtores.

Porém, quando você tem um método e um modelo de processos bem definido,  tudo fica mais fácil. Basta seguir o passo-a-passo de cada etapa e você terá uma música bem mixada na metade do tempo.

É isso que você vai descobrir agora! Preparado?

Este é o checklist que eu uso para mixar as minhas músicas  e tem funcionado pra mim. Você pode alterá-lo da maneira como achar viável. A ordem dos processos não precisa ser seguida 100% à risca.

Checklist de 10 etapas para mixar uma música

Passo 0 – Definir a referência

Fonte: Shutterstock

O primeiro passo para começar as usa mixagem é escolher uma ou duas músicas para utilizar como referência. É muito importante que você escolha uma música no mesmo gênero da sua e com o máximo de similaridade.

Se possível, uma música do selo em que você gostaria de lançar e também com um BPM parecido com o da sua.  Se a referência estiver no mesmo tom, melhor ainda!

Ter uma referência é sempre bom, principalmente quando você não tem monitores e/ou uma boa acústica. Analisar a referência com um analisador de espectro, por exemplo, vai te dar uma boa noção do rumo que a sua mixagem deve seguir.

Isso porque o nosso ouvido descalibra facilmente. É comum a música estar relativamente equilibrada em termos de frequências e o produtor dá um boost nos graves do baixo, achando que está ficando muito mais pesado e incrível, quando na verdade está embolando tudo. Ou então, enfatizar demais os agudos com o objetivo de deixar a mixagem clara e definida, quando na verdade se está deixando ela estridente.

Por isso, tenha sempre uma referência, não para você copiar, mas para te nortear.

Passo 01 – Organizar a casa

Esse passo é extremamente importante pra mim.  Eu não consigo mixar uma música desorganizada. Admiro quem o faça, mas pra mim é simplesmente impossível.

E como eu organizo a minha música?

  • Separo todos os elementos por categoria (kick + bass, bateria, synths, pads, fx, vocals…)
  • Faço um grupo de canais para cada categoria
  • Organizo os grupos de canais por cores
  • Passo tudo para áudio (Sim, todos os canais em áudio. Nada em MIDI).
  • Nomeio todos os canais  
  • Deleto todos os canais desnecessários

Passo 02 – Gain-Staging

Este é um dos passos mais importantes da mixagem e eu gosto de começar com ele, muito embora este é um passo no qual você precisará retornar várias vezes antes de concluir a mixagem.

Gain-staging é o ajuste relativo de ganhos. Traduzindo grosseiramente, é o processo em que você deixa os volumes de cada canal equilibrados, um em relação ao outro.

Isso quer dizer que cada elemento na música deve estar em um volume adequado em relação aos demais elementos, nem muito alto, nem muito baixo.

Eu, particularmente, gosto de deixar o meu kick a -10dB.

Ele é o elemento com o maior ganho (entenda: volume)  da música. A partir do kick, eu vou dosando o ganho de cada elemento.

Geralmente, meu baixo vai ficar a -11dB ou -12dB, meus synths entre  -15db e -18dB, e por aí vai.

Não existe uma regra, ok?

Não se apegue ao números. Tente equilibrar os elementos utilizando o ouvido!

Passo 03 – Controle de dinâmica

Para o controle de dinâmica, utilizamos plugins como compressor, limiter, gate, expander, compressor multibanda, dentre outros. O mais utilizado é, sem dúvida, o compressor.

Eu gosto de usar o compressor quando quero moldar determinadas características em um elemento (deixar mais punch, mais macio, com mais attack ou com menos attack, com side-chain, controlar os picos etc).

Se você está perdido no meio de tantos plugins, comece utilizando apenas o compressor e continue estudando sobre os conceitos e plugins de dinâmica.

Passo 04 – Controle de frequências

O controle de frequências envolve:

  • Equalização corretiva

Nesse passo, eu gosto de limpar toda a “sujeira” da minha música, como por exemplo, filtrar todos os graves desnecessários, picos de ressonância etc.

  • Equalização artística

A equalização artística é o seu tempero da mixagem. Se você quer uma mixagem mais brilhante ou mais dark, a decisão é sua e através da equalização você consegue definir o aspecto geral da mixagem e de cada elemento isolado.

  • Balanceamento de frequências

Aqui estamos falando de equilíbrio entre as bandas de frequência da sua música. Grosseiramente falando, você não vai querer que a sua música tenha excesso de graves, ou excesso de agudos ou falta de graves ou de médios… enfim, você entendeu!

Sua música precisa estar equilibrada!

Nesse momento é muito importante usar a música referência junto a um analisador de espectro.

Passo 05 – Imagem Estéreo

Agora que sua música já está equilibrada em termos de espectro e dinâmica, é fundamental ajustar a abertura estéreo dos elementos.

Pense na sua música como uma árvore. O tronco são os elementos graves, os galhos são os médios e as folhas os agudos. Isso quer dizer que quanto mais agudo for um elemento, mais ele responde bem à abertura estéreo.

Eu gosto de deixar o meu kick e baixo em mono, os synths mais graves levemente abertos e deixo para espalhar no estéreo os FX e elementos mais agudos.

Os recursos que eu mais utilizo para trabalhar o estéreo são:

  • PAN
  • HASS Effect  (não uso mais!) 
  • Stereo Delay
  • Plugins de imagem estéreo nativos do Logic

Atenção: cheque os seus elementos sempre em mono para ver se não está ocorrendo cancelamento de fase, ou seja, se ele está mono-compatível.  

Eu também gosto de checar como está a mono-compatibilidade dos elementos através de um plugin gratuito chamado Ozone – Imager.

Ele me permite “fechar” um elemento que não está mono-compatível e conseguir, com isso, um bom equilíbrio.

Passo 06 – Profundidade

Fonte: Music Tuts

Agora que a nossa música já está equilibrada em termos de espectro e dinâmica e com uma imagem estéreo bem trabalhada, chegou a hora de trabalhar a profundidade.

Nesse momento, eu gosto de utilizar 2 plugins:

  • Equalizador

“Mas, Eduardo, você já não utilizou o equalizador no passo 4?”

Sim! Mas, a gente pode usar o Eq. para posicionar um elemento para trás ou para frente.

Se quiser posicioná-lo para trás, basta filtrar os graves e agudos.

Se quiser posicioná-lo para frente, basta enfatizar os graves e agudos.

  • Reverb

Essa é a ferramenta mais poderosa para criar um espaço tridimensional em sua música e eu gosto de utilizá-la somente nessa fase, quando os elementos já estão “limpos”, equilibrados e em seu devido lugar.

Mesmo assim, eu gosto de usar com muita sutileza, de pouco em pouco, para não ocorrer um efeito desagradável que os gringos chamam de “Wash out Mix“, quando se tem reverb em excesso e os elementos perdem definição.

Passo 07 – Ajuste fino

Fonte: Creative Market

Chegou a hora de aparar todas as arestas da sua música.

Em primeiro lugar, é provável que você revisar o gain staging. Então, volte ao passo 02.

Aqui eu também sugiro trabalhar os fades, automações, aplicar efeitos em grupos, comparar com a referência, ouvir a música em outros sistemas de som (computador, carro, Ipod…)., pedir feedbacks etc.

Passo 08 – Checklist final

Fonte: blogtyrant

Chegou o grande momento. A sua mix está praticamente pronta. Mas antes de exportar, vale checar algumas coisas:

(  ) Os picos estão entre -3dB e -6dB?

(  ) Tem algum elemento clipando?

(  ) Você eliminou os graves desnecessários?

(  ) Você eliminou os agudos desnecessários?

(  ) Chegou a mono-compatibilidade?

(  ) Ouviu em outros sistemas de som?

(  ) As transições estão sutis?

(  ) Já recebeu e considerou feedbacks?

(  ) Você está minimamente satisfeito com o resultado?

(  ) Já ouviu o resultado final depois de ter descansado?

Passo 09 – Exportar

Se você respondeu SIM a todas as perguntas do passo 8, é hora de exportar.

Eu sempre gosto de exportar com as seguintes características:

  • Formato: WAV/ AIFF
  • Resolução: 24Bit
  • Sample Rate: 44.100

Então, recapitulando:

Passo 0 – Definir a referência

Passo 01 – Organizar a casa

Passo 02 –  Gain-Staging

Passo 03 – Controle de dinâmica

Passo 04 – Controle de frequências

Passo 05 – Imagem Estéreo

Passo 06 – Profundidade

Passo 07 – Ajuste fino

Passo 08 – Checklist final

Passo 09 – Exportar

Conclusões

01 – Você não precisa dominar todos os assuntos do universo da produção musical para poder mixar as suas músicas.

02 – As suas primeiras mixagens não vão estar no estado da arte.

03 – É melhor aprender na prática, enquanto você mixa, do que acumular uma bagagem teórica imensa antes de colocar a mão na massa.

04 – A mixagem não precisa ser complicada se você tiver um checklist!

Seu próximo passo

O PME-Club é uma formação completa para produtores de música eletrônica, que é atualizada todos os meses com os melhores conteúdos. Além de 10 fases com toda a jornada que você precisa percorrer até o nível profissional, você também tem um suporte supremo com feedbacks, acompanhamento e uma comunidade insana. 

Categorias: Mixagem

eduardojuliato

Eduardo Juliato se apaixonou pela música eletrônica em 2004, quando começou a frequentar as primeiras raves. Em 2005 começou a sua carreira como DJ e em 2009 como produtor. Em 2014 fundou a PME-Experts, uma escola online de produção de música eletrônica que hoje possui mais de 10 cursos e já ultrapassou os 2700 alunos. Seus conteúdos impactam semanalmente cerca de 30 mil pessoas nas redes sociais. Com seu projeto Sakyamuni, focado em Progressive Psytrance, tem lançado em importantes selos internacionais, como a Zenon Records, Soulectro e Weapon e tem se apresentado em todo o Brasil e em outros países como Peru, Bolívia e República Tcheca.

2 comentários

Oubreak · 01/11/2017 às 6:32 pm

Salvando o artigo nos favoritos pra ver na próxima mix ;D

    eduardojuliato · 01/11/2017 às 7:57 pm

    Aí sim! Mas você já é mestre! o/

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