A equalização é uma das tarefas mais importantes da mixagem. Entretanto, mesmo com tamanha importância, a maioria dos produtores comete erros básicos que, muitas vezes, acabam arruinando a mix como um todo.

A maioria dos equalizadores possui um espectro de 20Hz a 20kHz. Nesse intervalo, existem regiões problemáticas que quase sempre podem prejudicar a sua mix, tanto pela falta, como pelo excesso. Achar o equilíbrio é um grande desafio que exige um esforço prolongado.

Essas regiões foram comentadas por Bobby Owsinki (e adaptadas aqui por mim), um veterano da indústria da música, responsável pela produção de bandas como Iron Maiden, Ramones, dentre outras, além de produzir e mixar alguns álbuns que alcançaram altas posições na Billboard.  Bobby é professor da Berklee University e eu já tive a oportunidade de fazer alguns cursos online com ele.

Portanto, os créditos desse artigo são do Bobby =) 

Bobby Owsinski

Vamos conhecer agora as 5 regiões perigosas da equalização:

Região perigosa#1: 200Hz (Muddy)

O excesso de energia na região dos 200Hz pode fazer com que a mix soe “muddy” ou “boomy”.

Se você não está familiarizado com esses termos, acostume-se, pois eles são muito presentes no universo da mixagem. Não sei qual seria a tradução, mas podemos entender esses termos, que são muito similares, como um “embolamento” de frequências, como se estivessem enlamaçadas, sujas, desbalanceadas, sem definição.

Da mesma forma, a falta de energia nessa região tornará a mix magra demais. Encontrar o equilíbrio correto é uma tarefa delicada e a maioria dos produtores tende a exagerar nessa região, com o objetivo de engordar a mix, mas acabam destruindo-a.

Região perigosa#2: 300Hz a 500Hz (Boxy)

O excesso de energia aqui fará que seu som pareça quadrado, como se estivesse soando dentro de um cano. Ocorre um efeito com o kick chamado “beach-ball”. Ele fica tão xoxo que parece o barulho de uma bola de beach-ball. Muitos engenheiros de áudio cortam, com frequência, essa regiões, sobretudo nos kicks, tons e elementos percussivos.

Região perigosa #3: 800Hz

O excesso nessa região vai causar o que Bob Owinski chama de “efeito Walmart”, referindo-se àqueles radinhos estéreos baratos que você pode comprar nessa loja. Essa é uma região de frequências muito evidente em auto-falantes de baixa qualidade, como as caixinhas de computador e os radinhos de cozinha. Muita energia nessa frequência certamente não é uma coisa desejável!

Região Perigosa #4: 4kHz a 6kHz (Presença)

Essa região de frequência está muito relacionada à definição de uma mix. Mais uma vez, é uma região muito delicada. Se você reduz demais, a sua mix ficará “dull” (nublada, escura, sem definição). Muita energia nessa região tornará a sua mix sibilante, estridente e até mesmo magra devido ao desbalanceamento.

Região Perigosa #5: 10kHz+ (Ar)

Essa é uma região um pouco negligenciada e que promove definição e vividez à track. Muitos produtores não se dão o devido trabalho de balancear corretamente essa região, fazendo com que a mix não tenha o máximo de vida e definição.

Próximo Passo: 

O PME-Club é uma formação completa para produtores de música eletrônica, que é atualizada todos os meses com os melhores conteúdos. Além de 10 fases com toda a jornada que você precisa percorrer até o nível profissional, você também tem um suporte supremo com feedbacks, acompanhamento e uma comunidade insana. 

Categorias: Mixagem

eduardojuliato

Eduardo Juliato se apaixonou pela música eletrônica em 2004, quando começou a frequentar as primeiras raves. Em 2005 começou a sua carreira como DJ e em 2009 como produtor. Em 2014 fundou a PME-Experts, uma escola online de produção de música eletrônica que hoje possui mais de 10 cursos e já ultrapassou os 2700 alunos. Seus conteúdos impactam semanalmente cerca de 30 mil pessoas nas redes sociais. Com seu projeto Sakyamuni, focado em Progressive Psytrance, tem lançado em importantes selos internacionais, como a Zenon Records, Soulectro e Weapon e tem se apresentado em todo o Brasil e em outros países como Peru, Bolívia e República Tcheca.

1 comentário

César · 08/05/2018 às 1:17 pm

Muito bom artigo! Há regiões bem problemáticas mesmo! Professor, poderia elucidar a parte da equalização referente à ressonância? Não sei exatamente em qual parte do espectro, mas imagino que seja por volta dos 10k ou 15k eu sempre vejo produtores experientes cortando uma parte nessa região, mas sempre “conferindo” a ressonância (aumentando a curva do EQ nessa parte). Daí eu me pergunto, se tem que aumentar para perceber a região da ressonância, pra que precisa cortar lá? Obrigado.

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